segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Se não me queres aqui, fujo pro frio

Quando sinto que o que arde aqui dentro de mim começa a perder fôlego, vejo que está mesmo na hora de recuar. Como um urso ferido, volto para o frio de minh'alma e decido hibernar, esquecer que um dia tive desejos mundanos, que chorei por não poder beijar sua boca, seus grandes e doces lábios de sal. Pensei que este amor era para sempre. Imaginei que o inverno jamais iria chegar. Tive sol, tive mar. Tanto te quis que mal entendi que a vida é tão plena de sujos e devassos segredos. Desejos mundanos, desejos desumanos, sórdidos, quase sempre descabidos. Se não me queres aqui, fujo pro frio. Despenco por entre as paredes de minha caverna sideral e morro no gelo em pleno calor do amor. Não há o que lamentar. Sou apenas aquela fagulha que aquece seu corpo, seus neurônios cansados, que ainda atiça seus seios e roça suas coxas com todo despudor. Sou aquele que pede sua pele, que padece e implora, que desiste de lutar por ti. Não tenho forças para remar. Volto pro frio. Nem deveria ter saído de lá.

Por esse sol da Bahia, o meu sol

Quem estava comigo na hora do pôr do sol nessa Bahia de encantos, jamais esquecerá de mim. Sou um mistério, uma sombra anônima que acaricia a pele de quem me ama e não esquece de me chamar quando o dia se vai e a solidão se aninha no peito. Este é o sol de minha amada, de minha terra em flor, das águas que pastam tranquilas entre dias e dias que passam lenta e vertiginosamente. Por esse sol da Bahia, o meu sol, eu lhe encontrei. O tempo vai passando e já não mais sei por onde vou. Só sei que vou e não conto nenhum dos meus passos. Não lembro o dia em que minhas mãos tocaram o mar de suas mãos. Só sei que foi num dia de sol. Faz tempo e o tempo não parou de passar. Ah, esse mar. Vem sol, vem chuva, vento, redemoinho e esse mar. Lá, num vai e vem que mexe comigo e me faz flutuar. Quem viu esse pôr do sol comigo jamais esquecerá deste mar. Jamais esquecerá de mim. Nesse sol, nesse mar. Aaaahhhh!

Lá pelas águas vou eu

De volta ao paraíso. Adentro o manancial do Iguaçu pelo lado da Argentina. Passamos por cima do leito do rio, quase lambendo suas águas e decifrando suas mensagens. Este rio é algo que só Deus pode explicar. Não há como nos cansar de apreciá-lo. Na sua rebeldia elegante, sinto como se um dia eu o pudesse domesticar. Ando mesmo precisando (des)domesticar alguns sentimentos aqui dentro de mim. Por que será que ando tão controlado? Por que não rompo minhas amarras e me atiro nas corredeiras? O Iguaçu desce ferozmente paredes abaixo e aqui fico eu a admirá-lo, tentando entender que a vida é mesmo muito engraçada. Ela nos testa com tanta fineza que em apenas um dia, um longo e encantado dia, eu queria que o mundo parasse e eu pudesse ser um outro alguém. Eu queria me atirar. Domar o rio e me deixar levar, beber as águas que descem de lá. Bem de lá. De lá. Lá.