O primeiro beijo entre Jorge e Maria ocorre em pleno pôr do sol, apreciado com respeito, cerimônia e desejo mútuo do alto da Praça Municipal, bem ao lado do horrendo prédio da prefeitura municipal de Salvador, o Palácio Tomé de Souza. Ali, Bahia e Galícia se entreolham e se encontram e tocam como céu e mar. Em algum lugar da Bahia, filhos de colonizadores e colonizados escravizados se aconchegam num movimento íntimo que, de alguma forma, põe por terra as teorias racistas que até hoje ainda sobrevivem. Jorge canta para Maria, "Nessa cidade todo mundo é d'Oxum, homem, 'minino', 'minina', mulher", pérola musical do grande Gerônimo, herói do som dos guetos baianos, praticamente esquecido pelas grandes multidões. Maria chora diante da beleza da vista e da sensação de estar se apaixonando. Aquele preto baiano conquistara seu coração, pelo menos até o fim do verão. Jorge, elegantemente, pensava da mesma forma. A galega, literalmente, mexia com algo além de um simples tesão de verão. Juntos, deixam cair a noite e se jogam Pelourinho adentro, ouvindo batuques, esquivando-se da molecada, dos insuportáveis ambulantes, sorvendo o que aquele lugar tem de melhor. O Pelourinho é um bairro localizado no Centro Histórico de Salvador e possui um conjunto arquitetônico colonial do barroco português razoavelmente preservado e tombado como Patrimônio Histórico da UNESCO. Lá, Jorge e Maria fazem tudo o que o turista comum não faz. Nada de Olodum e afins. Andam de mãos dadas, subindo e descendo ladeira, dando asas ao amor. Que mais poderiam querer? Apenas ouvir "É d'Oxum".... e amar... um amor de verão. "Nessa cidade todo mundo é d'Oxum"! É d'Oxum, vixe!
3 comentários:
Olha acho que minha torcida deu certo... rsrsrsrsrs... Mais uma história linda de encontro acontece! Que maravilha... Enquanto isso fico eu do lado de cá imaginando a Bahia, o pelourinho e as peculiaridades que ainda nao deu tempo de conhecer...
ahhh... Podia ter um terceiro ato neh? rsrsrsrs
Teremos alguns atos, querida. Não se preocupe. Beijo.
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