"Não quero viver num mundo sem catedrais. Preciso da sua beleza e da sua transcedência. Preciso delas contra a vulgaridade do mundo". Tal excerto, escrito pelo personagem Amadeu de Prado, está na página 178 da edição brasileira de "Trem noturno para Lisboa" (Record, 2010), do suíço Pascal Mercier (pseudônimo de Peter Bieri, professor de filosofia em Berlim), tradução de Kristina Michahelles. Uma história instigante para aqueles que querem fazer uma pequena viagem pelos segredos e desertos da alma humana. Acabei de ler o texto na minha primeira semana de estio e, apesar de alguns deslizes para o lugar comum, é um texto, no mínimo, desafiador. Raimund Gregorius, o Mundus, professor de línguas clássicas em Berna, "dá a louca" no meio da aula, abandona tudo e parte num trem noturno para Lisboa em busca de si mesmo, fortemente tragado pelas reflexões de um médico português, Amadeu de Prado, que viveu no período da ditadura salazarista. Na verdade, Mundus dá uma guinada geral na vida e encontra um monte de gente interessante que termina por deixá-lo extremamente perturbado. O livro fez tanto sucesso na Europa que "Pegar um trem noturno para Lisboa" tornou-se uma expressão idiomática para fazer uma mudança radical de vida. Amadeu é um dos personagens mais poderosos que já tive o prazer de "conhecer". Leitura lenta, degustada. Leitura de verão, mas para guardar por um bom tempo. Recomendado!
Um comentário:
Fiquei curiosa... Se bem que isso nao é novidade pra mim neh... Curiosidade acho que é defeito (ou qualidade nao sei) de fábrica no meu caso... rsrsrsrs
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