Toda emoção é vulgar. Eu sou vulgar, nós somos vulgares. Somos imensos poços de emoção e mal sabemos interpretá-las. Nos perdemos em detalhes ridículos e nem ao menos nos damos a chance de redimensionar a emoção que sentimos em ver alguém que gostamos. Por onde andas agora? Que mar nos separa, que céu nos cobre e nos re-aproxima quando sequer sabemos o que queremos? É, eu sou vulgar no pensamento, destilo emoção, deixo o vinho me subir à cabeça, desfraldando uma vulgar solidão em plena noite fria de um outono não menos vulgar. Ouço uma canção outrora vulgar, insólita, que vezes e vezes amansou meu coração. Meu coração vulgar que escorre-se por entre as vulgaridades do amor. Do amor perdido, vulgarizado por nunca saber onde daria esse mar. E vai e vem, e "eu é que sou um cara difícil de domesticar", diz o grande Belchior em "Resposta a uma carta de fã" (1987). Sim, não sei nem onde termino ou sequer por onde começar. Toda emoção é vulgar. Só que nunca me lembro disso quando vejo aquele mar. Que mar nos arrasta? Será que nos aproxima. Sim, toda emoção é vulgar e eu tenho sido tão difícil de domesticar. Sim. Toda emoção. Tanta emoção... Cadê? Já perdi? Sei lá.
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