Quando em Óbidos, Portugal, achei que seria um cavaleiro medieval. Ruas estreitas, as pedras do pavimento gastas, escorregantes, as lojas marcadas pela leveza de um lugarejo em que o tempo insistia em não passar. Das flores da janela exalava um perfume suave que entrava pela alma deste meu coração emocionado. Lembrei da canção de Milton, Lô Borges e, por fim, Beto Guedes. A melodia que embalou o meu começo de namoro com a mulher que há tempos me faz feliz. Estivemos em Óbidos, ali, pertinho de Lisboa, numa lua de mel disfarçada. Assim, meio assustados, sem acreditarmos que pode-se ainda viver uma vidinha mansa, sem pressa e cheia de esperanças. Tive vontade de ficar. Meu amor apareceu na janela e me chamou. Se Óbidos ficou para detrás da vista, nunca saiu do coração. Nem do frescor do meu amor. Sobe, vem no meu cavalo, e sigamos pelas montanhas, meu amor. O tempo nos espera. Sem pressa. Sem nenhuma pressa.