Estou caminhando na beira da praia sob o incadescente e maravilhoso crepúsculo natalino da minha amada Salvador. Som no ouvido, vento do mar zoando nas orelhas, salitre forte enevoando as lentes dos meus óculos. Lá vou eu, menino, distante de tudo e entregue à solidão que me acalenta e acalma a alma. De repente, gritos e gritos, vozes de meninos: "Corta, corre, pega a pipa, vai, Cau, pega, cortei!" Ah, aquilo soou como música para mim, me levou a ser de novo o menino destemido que entrava com tudo na guerra de arraia lá na minha Pojuca natal. É Natal e naquele menino, com os olhos e o coração cheios de nostalgia, cato todas aquelas pipas que um dia carregadas de cerol pinicavam e cortavam minhas mãos de menino. Era o tempero da linha que faziam a grande diferença. Corre, corre, menino! Traz aquelas lembranças para mim! Pega a pipa que vai caindo e me leva a ser menino. Vai, menino, vai. Eu vou com você! Me faz ser menino de novo, vai! E a pipa que cai, que vai, ao vento, vai, vai... É Natal na Bahia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário