terça-feira, 8 de julho de 2008

Seremos pequenos, pequenos

Esse é o Le Parc. Verde. Verde. Alguma diferença? Tudo a mesma coisa. Estamos onde mesmo? Miami? Cancún? Acapulco? Sauípe? É tudo tão igual. Tudo verde. Vidro. Vidro verde. Mulheres de laquê, garotas de plástico, todas iguais, todas futilmente decoradas, loucas para banhar-se na grande piscina de... Le Parc. Ah, esses nomes estrangeiros. Pobre da empregada doméstica que for trabalhar no Manhattan Square. Melhor começar com um cursinho de 'ingrês' ou, talvez, ficar com Manhatã. É nisso que estão transformando Salvador. Esta é a bolha do progresso. Tá tudo mundo correndo para a Paralela. Todos querem o... Le Parc. Coitados dos oprimidos do Bairro da Paz. Se vacilarem, são expulsos e lá instala-se... Le Pax, a continuação luxuosa de... Le Parc. É isso que chamam de desenvolvimento? Pobre de minha cidade! A mentalidade emergente a está devastando. Os casarões do Centro Histórico estão nas mãos dos europeus ou estão desabando. E nós não estamos nem aí. Estamos surfando na bolha do progresso. Viramos garotos e garotas... Le Parc. Presos e trancafiados, nos carros e nos prédios, escravos de... Le Parc. Somos a geração... Le Parc. E ainda chamam isso de progresso? Deus me livre! Vou ao... Le Parc. A piscina me espera. Sou mais um garoto... Le Parc. E olhe que daqui dá para ver Amazon, Manhattan, Miami Beach... Le Parc! Vixe!

8 comentários:

Suzane Taissoun disse...

Mas o senhor não mora no Pituba VILLE?:)

Unknown disse...

Boa "alfinetada", Cris. Porém, penso que há duas premissas subjacentes a esta discussão. Digo mais, são premissas que se aplicam inclusive a outras discussões, sejam elas críticas, intelectuais ou filosóficas. Aqui estão:

1) A CONDIÇÃO CONTRADITÓRIA DO SER HUMANO

O ser humano é contraditório. Alguns assumirão isto, outros não. Aguardo a resposta de Sávio sobre a posição dele. Eu, particularmente, sou contraditório e me permito este livre trânsito, ou seja, me sinto no direito de "meter o pau" nesses projetos (Manhattan, Amazon, Mondo, Le Parc, etc.) mas eu não recusaria um apartamento lá. O que está em pauta, acredito eu, é a falta de originalidade, o desrespeito ao entorno arquitetônico da cidade, aos soteropolitanos e à natureza. Já aprendemos (ups, não aprendemos ainda) com as demais cidades grandes que estes projetos apenas trazem um conforto aparente. "Espie" só o que vai acontecer com o trânsito nestas regiões e entenderás quão "confortável" será para estas pessoas que morarão ali. Hoje, elas pensam que não precisarão sair de casa para nada. Doce ilusão...

2) O PAPEL DO FILÓSOFO, DO CRÍTICO E DO POETA

Acredito que tanto o filósofo quanto o crítico e o poeta podem questionar a realidade à sua volta, ainda que estejam imersos no problema. Aliás, talvez este seja o seu "diferencial": enquanto todos estão imersos no mar da indiferenciação e não se dão conta do "real", o filósofo, assim como o poeta e o homem da caverna de Platão, percebem a luz e tentam mostrá-la aos demais. Todavia, a "luz" anunciada é algo, às vezes, muito fora da realidade. Daí o poeta, o filósofo e o crítico serem igualados aos "loucos" e "sonhadores".

Acho que todos merecemos viver em abundância e acho o Le Parc o menos pior desses empreendimentos. Porém, não há distribuição equânime desta abundância.

É o que penso, morando muito bem no Caminho das Árvores, com muito céu, por enquanto, a ser admirado.

Sávio Siqueira disse...

Cris,
Sim, moro, claro, e quem disse que viver entre arranha-céus me deixa feliz? Pelo menos os de lá não são tão pateticamente americanizados nem enormes como esses aí. E sabe o que mais? É o espaço de lá que mais me agrada. Os prédios, apenas complementos.
Beijo,
Sávio

Sávio Siqueira disse...

Pronto, depois de Ban, pouco tenho a dizer. É isso mesmo. É essa contradição que me (nos) impulsiona. Na verdade, o que está em jogo aqui é o mau uso (e o mau gosto) do "céu" de Salvador. A baixa originalidade, a segregação, a famigerada vontade de ser o outro, sem levar em consideração o bem estar de toda a comunidade, mas apenas de alguns que, como bem diz Ban, "acham" que mal vão sair de casa. Que horror! A que ponto chegamos. Viver e trabalhar no mesmo lugar, enquanto as ruas de nossa cidade "sangram". Que horror. Mas, claro, se eu pudesse morar lá, por que não? Quem disse que sou petista de fachada ou comunista que proíbe as benesses do capitalismo e toma uísque importado às escondidas? Não sou não. E não sou hipócrita. Só reclamo da bestagem desse bando de babaca que não está nem aí para a estética do nosso céu nem muito menos para a identidade de nossa já tão surrada cidade. Isso, sim, eu fico puto. É isso. Valeu pela discussão!
Beijos,
Sávio

Unknown disse...

Massa!
Gostei da discussão também.
Beijão pr'ocês!
Ban

Suzane Taissoun disse...

Meninos, me desculpa , mas só hj li as postagens... Que discussão legal.....Concordo com vcs, como o Ban disse foi apenas uma "alfinetada"
Beijos

Sávio Siqueira disse...

Com certeza!

Sávio

Sávio Siqueira disse...

Com certeza!

Sávio