segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Se não me queres aqui, fujo pro frio

Quando sinto que o que arde aqui dentro de mim começa a perder fôlego, vejo que está mesmo na hora de recuar. Como um urso ferido, volto para o frio de minh'alma e decido hibernar, esquecer que um dia tive desejos mundanos, que chorei por não poder beijar sua boca, seus grandes e doces lábios de sal. Pensei que este amor era para sempre. Imaginei que o inverno jamais iria chegar. Tive sol, tive mar. Tanto te quis que mal entendi que a vida é tão plena de sujos e devassos segredos. Desejos mundanos, desejos desumanos, sórdidos, quase sempre descabidos. Se não me queres aqui, fujo pro frio. Despenco por entre as paredes de minha caverna sideral e morro no gelo em pleno calor do amor. Não há o que lamentar. Sou apenas aquela fagulha que aquece seu corpo, seus neurônios cansados, que ainda atiça seus seios e roça suas coxas com todo despudor. Sou aquele que pede sua pele, que padece e implora, que desiste de lutar por ti. Não tenho forças para remar. Volto pro frio. Nem deveria ter saído de lá.

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