Jorge Luis é baiano da gema, negro, não fala arrastado nem chama sua mãe de ‘mainha’. Tem 25 anos, está terminando o curso de Direito, mora no bairro da Graça, não curte Axé, adora a música de Vania Abreu. Conheceu Maria, uma linda espanhola, no Porto da Barra. Jorge adora nadar bem cedo, assim como metade do povo que mora naquela região da cidade de São Salvador da Bahia. Maria tem lá seus 24 anos, estuda jornalismo e adora a Bahia. É filha de galegos e muitos parentes de seus avós paternos ainda moram na cidade que primeiro deu cara e identidade ao país menino Brasil. Vieram na grande leva que, a partir da segunda metade do século XIX, trouxe para Salvador muitos galegos, em busca de sonhos e melhores condições de vida. Maria é de La Coruña, cidade costeira no Atlântico Norte e famosa por vários monumentos que datam da ocupação romana a partir do século II AC, como a Torre de Hércules. Sendo assim, Jorge e Maria são garoto e garota do mar, com pele cheirando a sal e cabelos ao vento. Não foi amor à primeira vista, empatia apenas. Um papo aqui, uma água de coco ali, e estava quebrado o gelo. Maria fala português, Jorge entende espanhol. A barreira da língua está superada. Encontraram-se na praia por mais de uma semana. Nada de acarajé e abará, apenas sol e mar. Jorge e Maria estavam se aproximando, confirmando muita coisa em comum. Descobrindo-se. E havia muito tempo para isso. Era verão na Bahia. Tempo em que o mundo gira sem pressa e o céu é o mais lindo do planeta. Muito para se descobrir. Jorge e Maria. Bahia e Galícia. No que daria?
Um comentário:
Que história mais bonitinha!!! Adorei... Nao sei o que vai dar, mas espero que seja mais uma linda história de mistura de culturas, de hibridismo, de encontro... Por mais brega que isso possa parecer... hehehehe
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