segunda-feira, 7 de julho de 2008

Seremos pequenos porque nunca fomos grandes

Sou chato, admito. Fico procurando coisa para me irritar. Irrita-me esse mimetismo suburbano que tomou conta do mercado imobiliário de Salvador. Uma grande bolha de inúmeros projetos. Todos religiosamente projetados pelos mesmos arquitetos, tudo de vidro esverdeado, tudo imitando e, desbragadamente, copiando a arquitetura cafona e ultrapassada dos EUA. Primeiro, um John Hancock Center tupiniquim chamado de Mondo. Está subindo. Depois, projeto Amazon e outros verdes não sei o quê na Magalhães Netto. Uns tantos ali no Horto, tudo igual ao Morumbi em São Paulo, espigões já copiados de Manhatã. Mais adiante, outros irmãos gêmeos, próximos ao Shopping Salvador, este uma imitação competente do Complexo Vasco da Gama, em Lisboa. Agora, com Flávia Alessandra e Reinaldo Gianechinni no anúncio, uma coisa horrorosa que atende pelo nome de Manhattan Square (foto). Tudo querendo ser o que não é. Uma pobreza total de espírito. Um deboche ao quererem transformar Salvador em Nova Iorque. Sem vergonha de assumir. E ainda cobram por isso. E ainda tem besta que compra. Ah, como sempre, somos tão pequenos! São Paulo já virou Nova Iorque, o Rio virou Miami, e nós, pobremente, seguimos na mesma trilha. Que tristeza! Só se vê arranha-céu. A vontade cretina de se parecer com Chicago. Ainda bem que o Pelourinho, a duras penas, resiste. Questiono muito essa revolução arquitetônica estético-terceiro mundista que assola Salvador. Tudo cópia. E assim, não custa repetir: seremos pequenos porque nunca fomos grandes. Nunca! Que pena!

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