quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O meu amor me deixou...

Marido de mulher que viaja com freqüência sofre. Esse tem sido o meu caso nos últimos tempos. Sem cerimônias, a cada semana, venho experimentando a sensação de que "o meu amor me deixou, levou minha identidade" (Marina Lima). E ainda bem ela não chega, já arruma a mala para de novo partir. Virei um legítimo marido-órfão. Me torno pai e mãe, cuido de tudo, mas ninguém cuida de mim. Buá, buá! Como diria Cazuza, sou um legítimo exemplar de 'maior abandonado'. E sem muito nhém-nhém-nhém, deixo explodir aquela carência absurda e dengosa que me assoma a cada momento que o meu amor vai e diz até breve com um doce e sutil beijo na minha testa. Essas coisas da vida moderna. As necessárias inversões de papéis. A libertação do estigma de sexo frágil. Sofro com essa distância, mas fico extremamente feliz em ver minha amada ganhar o mundo na sua busca de ser feliz, afirmando-se profissionalmente. Compreendo e apóio, claro, mas que dá uma canseira, isso lá dá. E não há coisa pior de que ser abandonado: "na idade em que estou, aparecem os tiques" (João Bosco), aparecem os lamentos. Como posso então viver sem o meu ungüento maior? Viajou. Viajou.

2 comentários:

Anamaria Camargo disse...

Sávio dear,

Eu também já vi esse filme. Ficava a semana toda sem o marido, que pulava de Fortaleza pra Natal, pra Terezina, de volta pra Fortaleza, etc... Mas, felizmente, o filme acabou e a vida mudou. E sei que você tira tudo isso (e tudo o mais) de letra.

Beijos,

Anamaria

Sávio Siqueira disse...

Pois é, darling. O bom é que a gente termina NÃO se acostumando. Aí um dia a coisa se resolve.
Um grande beijo e saudades.
Sávio