sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Ver o mar pela primeira vez

Para a gente que vive praticamente nas barbas do mar e muitas vezes sequer dá muita bola para ele, encontrar alguém que nunca viu o mar é uma sensação, no mínimo, chocante. É claro que existem milhares de pessoas que nunca viram o mar ao vivo, tocaram suas águas, molharam os pés. Deparei-me com uma delas ontem. Uma jovem de 30 anos de Goiás. Passado o impacto inicial, me deliciei com a pureza das sensações por ela descritas, onde o que mais me chamou a atenção foi o brilho do seu olhar. Que coisa mais linda! A materialização das necessidades simples que precisamos ter, fruí-las, mas que, infelizmente, pouco as estimulamos. A moça de Goiás me disse ainda que depois do 'batizado', após saborear o sal da água, o mais belo de tudo foi ver o mar à noite. O mar de Salvador à noite! Que privilégio! Segundo ela, uma noite de lua cheia. Para quem nunca viu, um banquete e tanto para a alma, um presente dos deuses. Imagino como ela vai se sentir quando for embora de Salvador e deixar o mar para trás. Será uma primeira vez para sempre. A vida tem que ser assim. Uma eterna primeira vez, uma conquista que se renova e brilha sempre, tal qual o olhar da moça de Goiás diante do mar.

2 comentários:

Julião Severo disse...

Eu me lembro da primeira vez que vi o mar. Adolescente do interior, matuto de tudo, eu olhava incrédulo aquele montão de água esverdeada indo e vindo intermitente, aquele barulho gostoso das ondas quebrando na praia, o rebuliço daquela gente excitada pelo simples fato de estar lá.
Fiquei estático por minutos eternos antes de entrar nas águas.
E o sabor? Não há como descrevê-lo. Só quem conheceu o mar depois de passada a infância é que sabe do que estou falando.
Aquela sensação das ondas passando por mim durou semanas, meses e hoje, décadas depois, relembro com prazer aquele encontro tão ansiado.

Sávio Siqueira disse...

Pôxa, João, que emocionante descrição de sua própria experiência! Muito bacana mesmo. Para nós, aborígenes do litoral, tudo isso soa muito distante, mas a beleza de palavras como as suas e da menina de Goiânia é emocionante e a sensação dura, claro, para sempre.
Forte abraço e drop by once in a while.