quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O orgulho de termos um Guga

Nunca fui dado a pieguieces ou a essa coisa baixo-astral humana tupiniquim de sair correndo atrás de herói nacional, mas tem uns caras que, na mais pura explosão da emoção diante do inevitável, realmente, mexem com a gente. Guga é um deles. Um grande campeão sem carregar a trágica e pífia arrogância das celebridades de ocasião, o nosso tenista maior, ao entregar os pontos numa partida contra um inexpressivo argentino, derruba um país inteiro ao admitir que seu corpo não mais responde ao que manda sua mente. Entre lágrimas e porções honestas de humildade, Guga nos dá uma lição de amor ao esporte e, acima de tudo, de cidadania. É bom saber que mesmo do alto dos seus inúmeros títulos, esse rapaz se entende humano e se dobra com galhardia aos efeitos do massacre físico a que super-atletas como ele são submetidos diariamente para ocuparem o olimpo do esporte escolhido. Com lágrimas e agradecimentos à sua família, ao seu fantástico técnico e, claro, ao seu público, que sempre soube entender os limites do campeão a caminho do ocaso profissional, Guga, em definitivo, deixou cair o pano. Vai fazer falta. Eu, como brasileiro, reverencio Guga. Pelo exemplo, pela categoria, pela raça, pelo uso decente de sua imagem pública. Num Brasil de tantos canalhas enlameando a nossa cara mundo afora, a saída de cena de Guga, nesse pormenor, é uma perda irreparável. Vai fazer falta!

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