Depois de maduro, comecei a achar brega essa coisa de se identificar com música para, quem sabe, servir de trilha sonora para as tantas trilhas da nossa história. Ainda acho, mas sempre me rendo às fraquezas da natureza humana, as quais não consigo dominar. Sendo assim, não sei bem o porquê, mas a canção ME FAZ BEM, na sempre poderosa voz de Milton Nascimento, mexe comigo e com as coisas que andam povoando meu pensamento: "Me faz bem o teu jeito de se enroscar, de chegar mansinho, se aninhar, de me fazer teu par, me faz bem esse jeito bom de gostar, viajar veredas, que são mistérios maior que o fundo do mar; bem, me faz bem arrepio de imaginar, me perder no lume do teu olhar, respirar, tocar, o teu corpo solto no cio; me faz bem ser o velho lobo do mar, que não cansa de navegar, pois muito tesouro existe por lá, me faz bem teu jeito de amar; tens mais mistérios do que o mar (Milton Nascimento & Fernando Brant, 2010). É, como um "velho lobo do mar", já nem sei mais o que é ser menino. Tenho sempre esse receio de me sentir ridículo. O amor é mesmo ridículo! Não importa o tempo, ele nos faz ridículos. Ah, se eu ainda fosse menino para deixar me inebriar pelas malícias e delícias da vida leve, sem hora nem dia de voltar. Quem dera eu pudesse, de verdade, me virar por aí, por entre mares, cantando: "Me faz bem, ser o velho lobo do mar..." Ah, fico aqui na canção, me sentindo absolutamente ridículo... sentindo "arrepio de imaginar"... meus inenarráveis desejos. "Me faz bem". Cantemos, então. E deixa a chuva cair, lavar, que me faz bem.
PS. Assista ao vídeo em www.youtube.com/watch?v=-P8r3voBRyc.
Título "roubado" de uma letra de Djavan (Boa Noite, 1992). Fim de tarde chuvosa em Salvador, julho, "mid-winter", tempo para pensar e sentir saudade. Saudade de quê, de quem, de qual lugar? Saudade. Sabe aquele tempo que nos diz que algo não está mais ali perto, no lugar? Deixou-nos, partiu, seguiu caminho. O que será isso? Que sentimento agora se cala? Será medo? Não, é verdade, não existe amor sem medo. Medo de avançar. Medo de dizer que o tempo, com sua razão e crueldade, separou algumas histórias ou apenas as escreveu na superficialidade das amizades, nas bordas da quebra das ondas, no friso fino das saias rodadas. Mas apenas amigo? Sim, é o que resta. É muito, mas podia ser mais. O que há de mais é simplesmente o medo. Lá está o túnel do tempo que nem espera nem dá sinal. Entar ali... dá medo. E lá se vai o avião... Chuva, chuva, muita chuva. Ouço a canção e já nem penso que perdi a noção do tempo: "a uma hora dessas, por onde estará seu pensamento, terá os pés na pedra ou vento no cabelo?", mesclo Adriana Calcanhoto (Seu Pensamento, 2008). Longe, longe, estou longe. Sem medo, com medo. Apenas observando o infinito. O tempo dirá. Voa...
Sad day today! Amy, the greatest voice of England of the early 21st century, is gone. A lot of people, including the midia vultures, in a cold and insensitive way, almost celebrating, announced Amy's death as something already bound to happen at any time. Well, come on, anybody, no matter what we do, is bound to die. After all, this is the only thing we have for sure in life. It seems to me people, again, are savoring her death as if a "yes, I told ya, she'd would kill herself!" type of statement would simply soothe the grief for this loss. I liked Amy, the artist; I deplored her vices, but I was here in my little corner of the world cheering deeply that one day she would get rid of all this, or at least, part of it, in order to finally learn how to deal with stardom and fame, and still be "the great voice". Oh, I am very sorry! We lost a wonderful talent, and that's what I would like to lament. What she did, her private life, her personal demons, and so forth, don't matter to me. What has always mattered and touched me was her immense talent. We lose it today. The entire world is to lament this tragedy. Amy, the great, so young, is gone. Bye, bye Amy Winehouse. Maybe, now, it's the time to go "Back to black". Bye, bye, darling! Be happy, wherever you are!
Here they are. The girls. Two strangers "destranging" Bahia, this land of all mysteries and gods. The view can't be a better one. Avinguda Contorno, where in Salvador, poverty and luxury meets and, at the same time, build up the social barriers which will never unite us. They come from different lands in order to be part of this astonishing mishmash called Bahia. The autumn sun is just saying goodbye to them. The night is about to fall. Silently, lights are on, the waters don't stop moving. It's the time to celebrate the night. Salvador, full of mysteries, a lady that welcomes anybody. Anna has just met the lady. Lucielen and her (the lady) are already good friends. Who wants to lose who? No one wants to leave. It's sad when we have to turn our backs to Salvador. Oh, this land, this sky, this ocean. We all leave our hearts here. No matter for how long we step our feet on this land. Salvador, the old lady, the Black Rome is here to welcome these lovely chicas. They make Salvador equally more interesting and brighter. They, las chicas hermosas, may leave, but they will stay. Salvador will forever be in their hearts. The lights, the cozy houses, the party time, the happy taxi driver. They go. Í stay. I hope we miss one another, until we meet again, in Salvador, or anywhere in the world. Salut, chicas. Go. Don't go! Salvador welcomes you! Salvador will not forget you. Salut!
A irracionalidade do nosso trânsito, dia após dia, não deixa jamais de nos chocar. Segue ceifando vidas, destruindo famílias, arrasando nossos corações, hoje já quase que totalmente endurecidos diante das tantas tragédias que se repetem e se acumulam. Uma das mais recentes aconteceu neste fim de semana, quando um louco embriagado, num bairro nobre de São Paulo, dirigindo um potente Porsche a 150 km/h, atingiu em cheio o carro de uma advogada baiana em plena madrugada e praticamente desmontou o carro da vítima. A moça de 28 anos morreu na hora. Ao ser retirado do carro, o motorista assassino esboçou grande preocupação com o seu Porsche. Não teve quase nada. Carolina, a moça morta, foi cremada aqui em Salvador. Dizem que o motorista assim que receber alta, será preso. Será? Será preso como o deputado de Curitiba que matou dois jovens e vive por aí solto e livre? Mais uma cena chocante. Mais um horror que demonstra o nosso despreparo para assumir com responsabilidade os atos que a vida nos garante. Uma família destruída e um Porsche. O que vale mais? Confesso que já não sei. Que horror!
For those who don't know, these are the front steps of Bonfim Church, located in the lower city, in the "bairro" of Bonfim, Salvador, Brazil. The colored fine pieces of fabric hanging at the wind are the famous "fitinhas" which bear the symbology of our faith in this who is our Patron Saint, the Great Master, the protector of Bahia. In Candomblé, He is Oxalá, the greatest of all the Orishas. Coming here is not something I do pretty often. It's a lovely and wonderful place, but far out of my way. But when we have friends who come to Bahia, especially for the first time, we come here. And every time I climb those steps, I feel something different. This place is more than a place of pilgrimage. It's a place which synthesizes all our belief in a high and superior force who is up there taking care of us, looking upon us, making sure we can move on in life, being sort of ready to face all the 'goods and bads' that, naturally, comprise our journey here in this world. A recent visit and I felt my body shake, my faith tremble, my heart pound differently. This is indeed a place to come and remain in silence, reflect, pray. And as we leave, get at least one "fitinha", tie it to our arm, and make three wishes. I did. And I left renovated in my faith in life. I did! What a place!
When our team loses, we lose along. When it is humiliated, we suffer the same, and express the disappointment with all the force coming from the heart. Vitória, the soccer team which boasts to have the second largest number of fans in the state of Bahia, was "invited" to go play in the Second Division of the National Champioship at the end of last year. It was true commotion for a lot of people, but to Bahia's fans, the greater rival, it was paradise. Tears on one side, fireworks on the other. That's the magic of football, and that should be the magic of life when it comes to competing and lots of other matters. While some celebrate, others cry and mourn in the hope that next time things will be different. And then, together with the world that never stops going round, positions would change again. An image can tell everything. I loved the one posted. I wished we all had such warm and solidary arms like those to let our feelings explode. And then later, these same arms, along with a beautiful smile, would catch ours and celebrate a new victory. Life should be like this. If we want, it can be like this. Bora, Vitória!!!