quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Ressaca do Natal

Corre-corre nessa cidade do Salvador da Bahia. É a ressaca de Natal. O trânsito ainda está uma porcaria, mas com menos carros. À essa altura, certamente, milhares de pessoas devem estar correndo de volta às lojas para trocar seus presentes ou para aproveitar as tantas queimas de estoque que aparecem nos últimos dias do ano. Com a concorrência cada vez mais braba, desde o dia de ontem, Natal, que as grandes lojas de eletrodomésticos irritam os nossos olhos e inundam as nossas mentes com propagandas insuportáveis e de extremo mau gosto, anunciando tudo o que querem detonar até a virada do ano. Não aguento mais as Lojas Insinuante, a Ricardo Eletro, as Casas Bahia. Nem no dia de Natal, um dia de paz, esses cretinos nos deixam em paz! Aí, não tem que não caia em ressaca. É tanto comercial tentando vender a mesma coisa que, confesso, não sei mais quem vende o quê e se há alguma diferença entre essas empresas. É um verdadeiro inferno. As tais forças do mercado que nos aprisionam e nos atormentam. Sim, elas estão aí e não vão desaparecer. Como dizem os economistas, é uma prática saudável. Saudável, mas absolutamente detestável. Ressaca, ressaca. Ô senhor, dai-nos um pouco de paz. É Natal, afinal!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

And so this is Christmas...

Well, today in the western world is Christmas Eve. To us, Brazilians, Natal. To the Hispanic world, Navidad. All in all, here we are to celebrate the 2007th year of Christ's birth. It is for many of us a moment to reflect over everything that we did (or expected to do) throughout the year that's on the verge to end. But as John Lennon once wrote, "life is what happens to you while you're busy making other plans", every Christmas, to me, has become a sacred moment to get together with the ones I like, especially my family, and thank God for everything that HAPPENED to us, no matter good or bad, as every interpretation will depend on our spiritual mood. It's Christmas and I wish the entire globe got together to at least calm down a little bit in their insane fights, and found a friend even in their worst enemies. If it's utopia, utopia has driven many dreams which have become reality today. From this corner of the tropical world I wish a wonderful Christmas to all my friends and those whom I love. And to the ones I barely know or never will. It's Christmas and, yes, ask Santa to rush you a small gift. Kiss your love. Call that friend away. Buy yourself that most wanted trip package to paradise. Look at the sky. Cherish your sunny or white Christmas. It's a great way to celebrate life. Merry Christmas! Feliz Navidad! FELIZ NATAL!

domingo, 23 de dezembro de 2007

Re-encountering a special friend

Good friends bring special meaning to life. Thanks to the internet I had the pleasure to literally be 'found' by Gaby, a German friend I came to make back in the summer of 1985 in St. Leonards-on-Sea/Hastings, England. Since the first day we bumped into each other at the English school we were attending, we saw eye to eye with each other, and spent a lot of our time together. Gaby was a great companion, highly intelligent, smart and bright, and those nice walks by the promenade talking about life and literature have stayed in my memories forever. The day I gave her the book Jonathan Livingston Seagull kind of celebrated a friendship we both wanted to last a lifetime. But, naturally, we went our differet ways, exchanged a couple of letters, but then, for some reason, the years went by in silence. This year I got this e-mail, and it was HER trying to find this friend left behind. I was elated for re-encountering my friend. Of course, time had passed by, we were older, now (re)married with children, but the funny thing was to feel that, even through the distance of the Net, that bond had remained intact. But re-connecting it was incredibly fast and thrilling. It was great, and I hope we can re-encounter each other in person some day here in Brazil or somewhere in England, where she has opted for living all these years. To my friend who brought back great memories from a special time, I wish a wonderful Christmas and a great New Year. Salut to Gaby!

sábado, 22 de dezembro de 2007

Abaixo o automóvel!

Eu adoro minha cidade... sem automóvel. Historicamente vista e cultuada como um dos mais importantes símbolos de desenvolvimento e modernidade, com o gargalo insuportável em que se tornaram nossas megalópoles, a 'maravilha de quatro rodas' se tornou um dos grandes vilões da vida urbana e talvez o maior causador de múltiplos transtornos e grande stress dos (sobre)viventes dessas glebas. A indústria, claro, não pára e comemora. É tanto carro (e tanto barbeiro!) nas ruas que a velocidade média em muitos lugares sequer alcança os 20 km por hora. A velha São Salvador da Bahia não é exceção. Uma cidade carente de gente e equipamentos eficientes para controle e escoamento de tráfego, com a facilidade de crédito, recebe a cada dia mais de 500 automóveis em ruas e avenidas projetadas para um volume de tráfego que data dos anos 1970. Resultado: vivemos em caos constante, com engarrafamentos homéricos e crônicos. Já estamos parecendo São Paulo. Distâncias mínimas chegam a ser percorridas em horas. Um horror. Eu adoro Salvador, mas se pudesse mandava acabar com o transporte particular . Livrava a cidade da maioria dos carros. Daria às pessoas a condição de voltar a andar. Com certeza, seríamos um lugar muito mais feliz! Com o metrô que nunca vem, lógico. Será que vem?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Gordinha é 'fashion'

No opressor e competitivo mundo da estética atual, mulheres magras e lindas se acham gordas, gordinhas interessantes se acham obsesas, obesas... essas precisam mesmo se tratar. Mais do que nunca, vive-se e cultua-se a máxima do parecer isso ou aquilo. Navega-se nas ondas e nas ilusões do bisturi. Com a ajuda da indústria da cirurgia plástica, hoje um grande balcão de negócios, busca-se a todo custo a padronização plastificada no sentido de se adequar a modelos quase sempre impostos pelo implacável universo da moda. Nessa guerra de egos e quilinhos a mais ou a menos, saio em defesa das 'cheinhas' que, como sabemos, caso sejam muito bem resolvidas, têm sempre algo mais a nos oferecer. Como bem ilustra o ditado popular, "quem gosta de osso é cachorro magro em fim de feira". Um rosto lindo plantado em um corpo excessivamente esguio, pra não dizer anoréxico, é apenas um lindo rosto. Fernando Botero, o grande escultor colombiano, como ninguém, soube (e por isso tornou-se famoso) relativizar essa questão da estética do 'gordo', quase sempre associada ao 'feio', ao 'repulsivo'. Suas esculturas são adoradas mundo afora. Sendo assim, se vale uma singela dica, principalmente para as mulheres, desde que nunca se rompa a tênue linha entre saúde e doença, umas polegadas a mais (viva Marta Rocha!) não deixa de ter seu charme. Para muitas é o 'plus' que muito marmanjo adora. E nessa discussão toda, o que vale mesmo é o estado de espírito. O resto, cada um que viva e aproveite à sua maneira. Em especial, as gordinhas. Elas, apesar das "mulheres de plástico", continuam lindamente 'fashion'.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Perdidas no Feiraguai

Para os consumistas mais desavisados, o termo Feiraguai refere-se à criativa união de conceitos mercadológicos complexos que põem em pé de igualdade a cidade de Feira de Santana, Bahia, (o entreposto do mundo) e o nosso querido 'hermano' país vizinho Paraguai (a máquina Xerox do mundo). Tudo sintetizado num mercadão de alguns quarteirões onde vende-se de tudo, de rolo de fumo, bebê de dois metros, até os indefectíveis tênis genéricos com a marca daqueles ubíquos coreanos. Sim, eles estão lá, escondidinhos, mas estão, mostrando o lado mais globalizante e globalizado do Feiraguai. Mas pra falar a verdade, o Feiraguai é o que há. Para quem admira a vida simples, um luxo completo e absoluto. E é por isso que aos seus atrativos quase ninguém resiste, nem as minhas colegas da ACBEU que, por alguma obra do destino, mesmo tentando se esconder, disfarçar, fazer de conta que não era com elas, numa bela tarde pré-Natal, viram-se clicadas em pleno retorno das compras no 'mall' do Feiraguai. Todas felizes e certas de que fizeram grandes negócios. Ao serem perguntadas o que estavam fazendo ali, no frescor do momento, não se fizeram de rogadas e responderam em uníssono: "Estamos perdidas!" Alguém acredita? E viva el Feiraguai, sô!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

English is ours!

Whether we like it or not, English is the current language of international communication. But the phenomenon is not to be blindly taken as natural, neutral, or beneficial. Actually, in several parts of the globe, English is accused of having been promoted at the expense of local languages. For sure, this is to be combatted. When a language dies out, the world wakes up outrageously poorer. Statistics shows that for each native speaker of English we already count on four non-natives. For sure numbers matter, and the good thing about this process is that as we are not parroting but re-shaping the world language, new 'Englishes' are emerging, and through several variants, they are putting on the map many historically neglected and ignored sociocultural contexts. To reach the status of an international language, English became de-nationalized, and those who speak it, no matter their color or country of origin, are also its legitimate owners, just like the so-called native speakers. So, if you are learning English for any plausible purpose, remember this language is to be taken as yours. Use it, add your personal flavor to it, color it with the colors of your culture. Accept and foster diversity, struggle for linguistic democracy. After all, English is ours! Don't forget that!

Aos maus ambiciosos, desprezo

Por natureza, qualquer ser humano, ao longo da vida, ambiciona muitas coisas. Sem sequer perceber, ambicionamos algo todos os dias, claro. Como seres incompletos (Paulo Freire, já dizia), buscamos preencher o nosso eterno vazio. Logicamente, há os bons ambiciosos. Desses, eu gosto, os admiro e procuro sempre neles me mirar. Esses são do bem, querem o bem coletivo. Mas há também os maus ambiciosos, aqueles que, a qualquer custo, colocam seus objetivos de poder e prestígio acima de tudo, passando por cima de tudo e/ou de todos. Os adeptos do chamado 'rolo compressor'. Esses, dignos de pena, eu desprezo. Os maus ambiciosos, na maior parte das vezes, escondem-se por trás de máscaras bem delineadas, palavrinhas (co)medidas, soslaios marotos, sorrisos sutis e abraços cínicos. São exímios sedutores. Do olhar ao estômago. A presa, desavisada e submissa, perde a noção e se entrega. Os maus ambiciosos são implacáveis, inseguros, dissimulados, atraentes, competentes. São fáceis de identificar. Matá-los, só com um plano bem articulado. Um plano que envolve indiferença, antídoto letal. Eles odeiam serem ignorados e, aos poucos, se auto-ferroam, como escorpiões, e morrem. Cai a máscara. Cuidado, eles estão logo ali.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Niemeyer at 100

Needless to repeat here that architect Oscar Niemeyer is a genius and that we Brazilians are very proud of him. I dare to say that together with Pelé, Niemeyer is one of the 10th most well-known Brazilians worldwide. His contributions to the field of architecture, leaving his special trace where man's hand beautifully meets in plain harmony with nature, gives us a simple idea why nobody can pass by one of Niemeyer's projects and not being touched by it. If he's to have a very special project to be remembered by, I would say, everybody would think of the several monuments and governamental buildings which comprise Brasília's original "pilot plan", today UNESCO's world patrimony. How lucky we are for having someone like Niemeyer for one century! When asked about how he feels reaching 100 years of age, from the height of his unquestionable wisdom, the master replied: "No big deal about turning 100. The funny thing is that after you reach 70, you're always saying goodbye to your friends". This is Niemeyer, and I'm very proud of him.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Vitória da Conquista-Work and fun!

A different weekend. An intensive weekend, trying to conciliate work and leisure. Just came back from this 'long' trip that, on a bus for almost eight hours, barely got me to middle of this country-state of mine called Bahia. I'm still a little sleepy, but I didn't want to let routine take over my time and refrain me from sharing my first impressions about this quick and warm experience with a great group of student-teachers from Vitória da Conquista (and various cities around it) I had the pleasure to work with. While many people complain about losing interest in their careers for the sole lack of challenge, meeting several public school teachers who have taken almost all their weekends in 2007 to pursue another degree and improve their knowledge in the area of language teaching, I can simply say that nothing we do in education will ever be in vain or useless. I was invited to go to UESB-Conquista to teach, but, in the end, I was the one who learned. I learned many things, especially that people still believe in education. Despite all problems, they are still hanging on there. Great weekend, guys!

Yes, I know I'm cute!

Lorena is just four years old. She came over to my class at UESB-Vitória da Conquista, Bahia, with her mom, Edna, my student in an intensive course I conducted there this past weekend. I looked at the curly-haired girl and, naturally, asked her name. She promptly said: "Lorena". Then I said, "Do you know you're this lovely cute little thing?". She didn't move a muscle, and then, drawing on the always amazing wisdom only children have, she replied: "Yes, I do". Struck by an answer like that, what else could I say? Nothing, but blow cute Lorena a kiss and ask God to always bless her. Um beijo, pequena Lorena. You made my day!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O meu amor me deixou...

Marido de mulher que viaja com freqüência sofre. Esse tem sido o meu caso nos últimos tempos. Sem cerimônias, a cada semana, venho experimentando a sensação de que "o meu amor me deixou, levou minha identidade" (Marina Lima). E ainda bem ela não chega, já arruma a mala para de novo partir. Virei um legítimo marido-órfão. Me torno pai e mãe, cuido de tudo, mas ninguém cuida de mim. Buá, buá! Como diria Cazuza, sou um legítimo exemplar de 'maior abandonado'. E sem muito nhém-nhém-nhém, deixo explodir aquela carência absurda e dengosa que me assoma a cada momento que o meu amor vai e diz até breve com um doce e sutil beijo na minha testa. Essas coisas da vida moderna. As necessárias inversões de papéis. A libertação do estigma de sexo frágil. Sofro com essa distância, mas fico extremamente feliz em ver minha amada ganhar o mundo na sua busca de ser feliz, afirmando-se profissionalmente. Compreendo e apóio, claro, mas que dá uma canseira, isso lá dá. E não há coisa pior de que ser abandonado: "na idade em que estou, aparecem os tiques" (João Bosco), aparecem os lamentos. Como posso então viver sem o meu ungüento maior? Viajou. Viajou.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

As luzes do Natal

De vez em quando vou deixando de ficar estarrecido com as coisas que acontecem nesse meu país. Digo de 'vez em quando' porque, tristemente, parece que vamos nos tornando refratários e insensíveis frente a tanta miséria que nos castiga diariamente. Não páro de pensar em tanta pobreza que hoje virou lugar comum nas nossas cidades. Quanta gente jogada na rua, quanto pedinte, quantos meninos privados de suas infâncias, quantos Natais com pouca luz... Acho que é o espírito do Natal que está amolecendo meu coração. De novo. Olho aquelas luzinhas, milhares delas pelos cantos da cidade, mas não páro de pensar que, apesar de tantas e belas, elas iluminam apenas o olhar de alguns. Muitos, muitos mesmo, apenas as vêem, não as enxergam na sua beleza e simplicidade. Estão ocupados em sobreviver ou morrer 'alegremente' nessa triste rotina de cidade grande, onde, ricos e pobres, sob a égide da violência e da desigualdade, morrem a cada dia, enclausurados nas suas casas e nos seus mundinhos. É isso! São as luzes do Natal. São os sinais do meu coração!


O luxo de uma grande amizade

Faz quase um mês que estive com meu compadre querido e amigo eterno, Eduardo. Reunir nossas famílias de pequenos frutos para um fim de semana em Minas Gerais, com direito ao luxo de Ouro Preto, lá onde a vida passa lentamente, me lavou a alma, com seivas da mais pura fragância. Amizades como a nossa são raras. São tantos anos juntos que mesmo experimentando a distância temporária que ora nos priva de um contato mútuo mais constante, a cumplicidade dos nossos discursos permanece inalterada, mais afiada, eu diria, mais madura, porém a mesma, ferina. No mais breve encontro, as nossas essências se renovam como se o tempo não tivesse passado. Na verdade, sou um afortunado por ter um amigo que de tão amigo e tão querido, outorguei-lhe o nobre papel de segundo pai do meu segundo e amantíssimo filho. Que luxo verdadeiro uma amizade como essa! E como é bom saber que mesmo com o velejar dos anos, nas nossas veias ainda corre o mesmo sangue que nos fez caminhar tantas vezes juntos pela vida afora. E o melhor disso tudo é que embora mais velhos, é bem verdade, ainda somos os mesmos, ainda trazemos dentro dos nossos corações a emoção de se querer bem a um amigo. Um luxo como esse, nos dias de hoje, não é para qualquer um.
A vida pode ser lida, dissecada e exposta em poucos e exatos parágrafos. O diário eletrônico que ora inicio tem esse objetivo: falar da vida, de suas rotinas, seus encantos e mazelas, a cada dia, lenta e precisamente. Por favor, se quiser, comente.
Um beijo,
Sávio

Life can be read, dissected, and exposed in a few and exact paragraphs. The electronic diary which I start out today has this objective: to talk about life, its routines, enchantments and burdens, each day, slowly and precisely. Comments more than welcome.
Take care,
Sávio